terça-feira, 30 de março de 2010

Progamas de Prevenção

GUATEMALA.- Especialistas em sismologia na América Central realizam pesquisas conjuntas e cooperam em programas de prevenção de terremotos, que causaram milhares de mortes e milionárias perdas materiais na região durante as últimas décadas. A integração dos especialistas ganhou novo impulso com a assinatura este ano de um convênio entre o Centro Sismológico da América Central (CSAC), criado em 1998 e com sede na Costa Rica, e a fundação independente norueguesa Norsar, que opera alguns dos maiores observatórios sismológicos do mundo.

“Estamos consolidando nosso trabalho regional. O convênio com a Norsar nos permitirá fortalecer a pesquisa e a capacitação, focadas sobretudo a estudar melhor as zonas de maior vulnerabilidade frente aos sismos”, disse ao Terramérica Mario Fernández, diretor do CSAC. “Devido à impossibilidade de prever os terremotos, é necessário estar preparado a todo momento e a integração centro-americana neste campo está se convertendo em exemplo continental”, destacou. Os especialistas começaram há cerca de duas décadas o registro histórico dos terremotos na região e, depois, a trocar essa informação e cooperar para minimizar os danos.

O CSAC colabora estreitamente com o Centro de Coordenação para a Prevenção de Desastres Naturais na América Central, criado em 1991, com apoio do governo norueguês. “O investimento se paga. O melhor monitoramento sísmico permite a melhor prevenção e redução dos prejuízos” dos danos causados por terremotos, disse ao Terramérica Alejandro Maldonado, presidente do Centro. O trabalho desta instituição fortaleceu as redes regionais de supervisão de atividade sísmica, bem como a capacitação na matéria, através de bolsa de pós-graduação para especialistas centro-americanos, explicou Juan Pablo Logorría, subsecretário da Coordenadoria Nacional para a Redução de Desastres Naturais da Guatemala.

A América Central sofreu sismos devastadores no século XX, como os de 1910 e 1989 na Costa Rica, o de 1972 em Manágua, o de 1976 na Guatemala e o de 1986 em El Salvador, castigado em 2001 por outros dois no prazo de uma semana. Estes destrutivos fenômenos naturais ocorreram no eixo montanhoso que cruza a região, e na costa do Pacífico, próximas a grandes centros urbanos. A distribuição da atividade sísmica é altamente influenciada pela zona de subducção (deslizamento da borda de uma placa da crosta terrestre por baixo da borda de outra) Cocos-Caribe, no fundo do Oceano Pacífico, cuja distância da linha costeira varia de 30 a cem quilômetros. Essa zona libera 93% da energia sísmica presente na América Central, disse Fernández.

Também incide o sistema de falhas Polochic-Montagua-Chamalecón, situado perto da fronteira entre Guatemala e Honduras, onde se limitam as placas Caribe e América do Norte (a segunda inclui toda a América do Norte), e a chamada Zona de Fratura do Panamá, no Pacífico, ao sul da fronteira entre Costa Rica e Panamá, onde se roçam horizontalmente as placas Cocos e Nazca. Além disso, nos últimos anos observou-se um importante nível de atividade sísmica ao longo da chamada falha Escape de Hess, a leste do Caribe nicaragüense.

“O principal é conhecer a recorrência e localização das fontes sísmicas, quando cada uma libera energia e a resposta do terreno às ondas telúricas”, disse Maldonado. A substituição de equipamentos analógicos por digitais marcou um avanço na região, e os futuros projetos devem centrar-se na pesquisa, comunicação e trabalhos na área de modelo de crosta terrestre, disse Griselda Marroquín, do Serviço Nacional de Estudos Territoriais de El Salvador.

Por sua vez, a Nicarágua propôs criar um centro regional de alerta de maremotos, com capacidade técnica e científica para localizar sismos que possam causá-los, no máximo em dez ou 15 minutos, segundo o diretor do Instituto Nicaragüense de Estudos Territoriais, Cláudio Gutiérrez. “A Nicarágua tem muita experiência na manutenção de redes sismológicas”, enquanto Honduras não possui rede, mas a Guatemala é o único país da região com um aparelho para medir os níveis de gases vulcânicos, ressaltou. Especialistas da região também compartilham, a partir de um programa guatemalteco, experiências de materiais e capacitação, tanto de mão-de-obra quanto dos funcionários que autorizam as construções.

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